Opinião

10-02-2024 2:30

10-02-2024 2:30

Editorial

A economia angolana enfrenta um momento crucial em 2024, com desafios significativos e oportunidades latentes que moldarão o curso do desenvolvimento do País. Após uma recessão de quatro anos, de 2016 a 2019, e uma recuperação frágil em 2020, o ano de 2023 trouxe novos desafios, marcados por uma regressão nos indicadores macroeconómicos essenciais. Comparativamente a 2022, a inflação atingiu alarmantes 20%, a dívida pública em percentagem do PIB aumentou de 69,9% para 83,9% e a taxa de crescimento do PIB real caiu de 3% para 0,4%. São tendências que suscitam, obviamente, preocupações sobre a estabilidade económica e levantam questões sobre as políticas adoptadas.

Angola, que obtém mais de 90% das suas receitas do sector petrolífero, enfrenta uma diminuição da produção deste recurso, menos 28 mil barris/dia em 2024, visto que o país depende desta commodity para garantir a estabilidade cambial no curto prazo, e tal queda na produção destaca a urgência de diversificar a base económica.

O governo angolano apresentou um Orçamento Geral do Estado para 2024 com metas optimistas, visando um crescimento do PIB de 2,8% e uma inflação em torno dos 15,3%. Contudo, a viabilidade dessas metas é questionada, especialmente considerando os desafios económicos recentes e a previsão de uma redução na produção petrolífera.

A alocação, há já alguns anos, de apenas 6,4% e 5,5% da despesa total orçamentada para educação e saúde, respectivamente, levanta preocupações sobre o tão desejado aumento da produtividade do trabalhador angolano e somam-se a isso os baixos salários dos professores. Além disso, a despesa financeira destinada ao pagamento da dívida representa uma parcela significativa (59%), limitando a margem de manobra para investimentos em sectores fundamentais.

A economia angolana enfrenta desafios complexos, mas também oferece oportunidades para uma transformação sustentável. A diversificação económica, a redução da dependência do petróleo e a gestão eficaz da dívida são cruciais para impulsionar o crescimento. Investimentos em capital humano e a revisão das prioridades orçamentárias são imperativos para garantir uma sociedade mais equitativa e resiliente.

Diante de incertezas, a abordagem do Governo, a colaboração do sector privado e a participação activa da sociedade civil serão determinantes para definir o futuro económico de Angola. 2024 é um ano desafiador, mas também pode ser o ponto de viragem para um novo capítulo de prosperidade e desenvolvimento sustentável.

HAJA VONTADE E CORAGEM PARA AS REFORMAS NECESSÁRIAS!

ANGOLA THROUGH MOMENTS OF TOUGH CHALLENGES

Angolan economy faces critical challenges in 2024. The country is going through tough times with significant challenges and underlying opportunities that will shape the course of the country’s development. After a four-year recession from 2016 to 2019 and a fragile recovery in 2020, 2023 brought about new challenges, marked by a drop in key macroeconomic indicators. Compared to 2022, inflation has reached an alarming 20 per cent, public debt as a percentage of GDP has risen from 69.9 per cent to 83.9 per cent and the real GDP growth rate has fallen from 3 per cent to 0.4 per cent. These trends obviously raise concerns about economic stability and issues about adopted policies.

Deriving more than 90 per cent of its income from the oil sector, Angola is facing a drop in production of this resource, down 28,000 barrels/day by 2024, as the country depends on this commodity to guarantee exchange rate stability in the short term, and such a drop in production highlights the urgency of diversifying the economic base.

The Angolan government presented a General State Budget for 2024 with optimistic targets, aiming for GDP growth of 2.8 per cent and inflation of around 15.3 per cent. However, the feasibility of these targets is being questioned, especially considering the recent economic challenges and the forecast reduction in oil production.

The allocation, for some years now, of only 6.4 per cent and 5.5 per cent of total budgeted expenditure to education and health, respectively, raises concerns about the much-desired increase in the productivity of the Angolan worker and is compounded by the low salaries of teachers. In addition, financial expenditure on debt repayments represents a significant portion (59%), limiting the room for maneuver for investments in key sectors.

The Angolan economy faces complex challenges, but also offers opportunities for sustainable transformation. Economic diversification, reducing dependence on oil and effective debt management are crucial to boosting growth. Investments in human capital and a review of budget priorities are imperative to ensure a more equitable and resilient society.

In the face of uncertainty, the government’s approach, the collaboration of the private sector and the active participation of civil society will be decisive in defining Angola’s economic future. 2024 is a challenging year, but it could also be the turning point for a new chapter of prosperity and sustainable development.

LET THERE BE WILL AND COURAGE FOR THE NECESSARY REFORMS!

Partilhar nas Redes Sociais

WhatsApp
Facebook
Twitter
Email