Opinião

Tiago Varo Kaputo

Investigador Associado

21-12-2023 12:39

21-12-2023 12:39

Tiago Varo Kaputo

Investigador Associado

O fim dos combustíveis fósseis, a transição energética, a sustentabilidade ambiental e as alterações climáticas são actualmente as preocupações de alguns jovens à volta do mundo. É crucial que os países reflictam, discutam e adoptem medidas eficazes para mitigar este problema e garantir que se alcance a neutralidade carbónica em 2050.

O mundo todo esteve com os olhos postos na COP28, realizada no Dubai, Emirados Árabes Unidos. Várias questões foram debatidas, desde logo a discussão da eliminação dos combustíveis fósseis até 2050 na União Europeia. Assim, foi feito o primeiro balanço sobre o progresso das metas do Acordo de Paris e discutidas as questões de financiamento para os países mais vulneráveis no combate às alterações climáticas, como são os casos de Angola e Moçambique.

Angola é um dos maiores produtores de petróleo de África, com a indústria petrolífera a representar cerca de 90% das exportações e com um peso em torno de 40% no PIB nominal. Isto significa que a transição energética e a utilização de energias limpas provocarão, naturalmente, uma diminuição no investimento do sector do petróleo & gás, apesar de ainda não se  verificar esse desinvestimento no continente como o esperado, tal é o caso da descoberta de cerca de 10 mil milhões de barris de petróleo pela Shell e a Total Energies na Namíbia.

Entretanto, o desinvestimento no sector será um desafio para as finanças públicas dos países dependentes das exportações petrolíferas, e Angola é um caso.

Paira no ar a questão sobre como serão substituídos os postos de trabalho da indústria do petróleo. É necessário que países petrodependentes analisem como serão as suas economias no pós-petróleo e como poderão diversificar as suas fontes de receita e de energia. Este papel não cabe apenas aos decisores políticos, mas, também, em especial, aos jovens. É ver como nos vamos capacitar e adquirir habilidades para responder aos desafios futuros, tendo em conta que em 2050 a população angolana vai atingir os 70 milhões de habitantes.

O sector da energia pode desempenhar um papel robusto na trilha para a diversificação da economia através da exploração do potencial que Angola demonstra no domínio das energias renováveis.

A localização estratégica e o capital humano serão decisivos para o processo de diversificação económica. O peso do Estado no sector da energia é significante, de tal ordem que cerca de 90% das centrais eléctricas são públicas. É irrisória a presença de privados no sector de energia. A entrada do privado no mercado de energia potenciará a economia com a competitividade entre as empresas e a criação de postos de trabalho e de riqueza.

É fundamental que o Estado angolano não perca o controlo deste sector estratégico, mas pode exercê-lo por meio de criação de entidades públicas que possam fiscalizar todo o mercado de energia.

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