Opinião

Nelson Francisco Sul

Director

22-11-2022 11:47

22-11-2022 11:47

Nelson Francisco Sul

Director

Aconteceu numa das audiências de julgamento da “Lava Jato”, no dia 10 de Maio de 2017, em Curitiba. De um lado o réu, o ex-Presidente Lula, e de outro, o juiz Sérgio Moro. A história é relatada pelo jornalista Daniel Giovanaz. E foi assim:

– Doutor Moro, o senhor se sente responsável pela Lava Jato ter destruído a indústria de construção civil desse país? – perguntou o ex-Presidente Lula.

– Mas o senhor entende que o que prejudicou essas empresas foi a corrupção? – rebateu o juiz Moro.

– Não. Foi o método de combater a corrupção. – Retorquiu Lula. 

– A que o senhor se refere? – questionou Sérgio Moro, alheio os impactos econômicos da operação. 

Dois milhões de postos de trabalho fechados, segundo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Noventa bilhões de reais jogados fora, devido à paralisação de obras. Os prejuízos decorrentes da Lava Jato congelaram a economia brasileira e alavancaram o desemprego em várias regiões do país. Ponto parágrafo, mudar de linha.

É sobre o impacto da Lava Jato na economia brasileira, que gostaria de chamar à atenção do Presidente Lourenço, na sua forma de combater a corrupção. Tal como no outro lado do Oceano Atlântico, em Angola milhões de postos de trabalho fecharam. «Mais de 1,5 milhões de angolanos empurrados a viver abaixo da linha da pobreza», segundo estimativas do Banco Mundial, cuja causa principal não foi a crise financeira. Angola perdeu bilhões e bilhões de dólares em consequência do método de combater a corrupção e recuperação dos dinheiros desviados. O Tecido empresarial está praticamente em vias de extinção. Contam-se pelos dedos da mão os jovens que pretendem continuar a viver no país.  

Na Alemanha, por exemplo, dois casos de corrupção e fraude envolvendo duas multinacionais, a “Volkswagen” e a “Siemens”, chamaram atenção das autoridades. O Ministério Público e o Poder Judiciário alemão penalizaram os altos executivos e prezaram pela sobrevivência das empresas, para evitar o desemprego. Quer isso dizer que a justiça alemã foi menos rigorosa com a corrupção? A diferença é que, na Alemanha, só quem pagou a fatura foram os criminosos. Para os trabalhadores, não mudou nada: só o nome do patrão. 

Hoje, ficamos a saber, que mais uma grande empresa (ZAP VIVA) foi encerrada e milhares de trabalhadores, jovens sobretudo, empurrados para o desemprego. Há uma clara intenção na destruição da economia nacional. 

O advogado Walfrido Warde, autor do livro “O Espetáculo da Corrupção”, aborda os efeitos devastadores da Operação Lava Jato na economia brasileira. O autor nos dá a receita, a partir de outras realidades, como combater a corrupção sem destruir o país. Encomendei dois exemplares deste livro, vindos do Brasil. Pretendo ofertar um exemplar ao Presidente Lourenço. Líderes aprendem com erros do “passado” e evitam repeti-los.

NOTA. Este artigo foi publicado em janeiro de 2022.

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