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Quem é o general angolano que preside a Missão de Paz entre a RDC e o Ruanda?

03-11-2022 4:46

Nelson Francisco Sul

Director

03-11-2022 4:46

Nelson Francisco Sul

Director

General do Exército, com passagem no serviço de contra-inteligência militar, será peça fundamental na aproximação entre Kigali e Kinshasa. Quem é, afinal, o militar a quem foi confiada a mais complexa ou a quase impossível missão de pacificação do Leste do Congo Democrático?

Foi director de gabinete de João Lourenço, quando este ocupava o cargo de ministro da Defesa Nacional no governo de José Eduardo dos Santos.

Tenente-general do Exército, Nassone João é o homem a quem o chefe de Estado angolano, na qualidade de Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA) e de presidente da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), escolheu para presidir o Mecanismo de Verificação Ad-hoc.

Trata-se de uma estrutura militar, criada no quadro da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, cuja missão é pôr termo à longa tensão político-diplomática e militar entre os governos da República Democrática do Congo e da República do Ruanda. 

O anúncio oficial da apresentação do general angolano foi feito na capital ruandesa, no passado dia 14 de Outubro, pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, durante uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente ruandês, o general Paul Kagame. Seguiu-se, depois, a apresentação junto das autoridades de Kinshasa.

Entre outras funções, apurou O Telegrama, além de ter sido director de gabinete do ministro da Defesa Nacional, Cândido Pereira dos Santos Van-dúnem, tendo, mais tarde, exercido as mesmas funções no pelouro do general João Manuel Gonçalves Lourenço, Nassone João foi chefe da Direcção de Ensino e Pesquisa da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (EMGFAA). Foi, ainda, chefe-adjunto da Direcção de Ensino e Pesquisa da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino do Estado-Maior General das FAA para Análise Didáctica dos Programas das Instituições de Ensino Militar. Da sua trajectória consta ainda a passagem em Abidjan, Costa do Marfim, como Adido de Defesa junto da Embaixada de Angola.

A missão impossível…

O conflito entre os dois países vizinhos está longe de conhecer um fim. Apesar dos esforços de Luanda, que tem reunido, permanentemente, os dois chefes de Estado beligerantes, uma vez que a mais recente reunião teve lugar em Junho deste ano, a verdade é que no terreno o conflito militar e a tensão entre os dois países continuam em “alerta amarelo” e quase sempre o intermediador angolano é apanhado com as “calças na mão”.

Embora se tenham comprometido tudo fazer para o estabelecimento da segurança na região, Félix Tchissekedi e Paul Kagame continuam em acusações mútuas. Recentemente, na 23.a reunião das Nações Unidas, o Presidente do Congo Democrático fez acusações directas ao seu homólogo ruandês, responsabilizando-o de estar a patrocinar os rebeldes do M23. A tensão aumentou no fim de semana passado após avanço do grupo rebelde contra “as posições das forças armadas congolesas”. Em consequência disso, o Presidente congolês expulsou o embaixador ruandês em Kinshasa.

Não demorou para Kagame refutar as acusações e apontar o dedo à Tshissekedi de estar à procura de bode expiatório para justificar as suas fragilidades. “É lamentável que o governo da RDCongo continue a culpar o Ruanda pelas suas próprias falhas de governo e segurança”, lê-se num comunicado divulgado pelas autoridades de Kigali, segundo a emissora Internacional alemã Deutsche Welle.

Uma situação que apanhou de surpresa Luanda e levou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a manifestar enorme preocupação ao chefe de Estado angolano, João Lourenço, que preside a CIRGL. Com vista acalmar os ânimos, Luanda despachou o chefe da diplomacia, Téte António, e o director-geral do Serviço de Inteligência Externa (SIE), José Luís Caetano Higino de Sousa “Zé Grande”, para junto dos interlocutores da RDC e Ruanda.

Apesar do conflito no Leste do Congo estar no topo das preocupações do Presidente de Angola, que preside a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), poucas são as hipóteses do mecanismo-bilateral vir a ter hesito. A RDC é o país que detém a mais longa Missão de Paz das Nações Unidas, ou seja, há mais de 60 anos que a ONU tem destacado uma comissão permanente para a paz naquele país africano rico em mineiro.

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