Em Foco

Prepare-se, governo prevê aumentar a gasolina para 560 Kz e gasóleo para 610 Kz

11-03-2024 6:09

Nelson Francisco Sul

Director

Maurício Vieira Dias

Director adjunto

11-03-2024 6:09

Nelson Francisco Sul

Director

Maurício Vieira Dias

Director adjunto

Documento de 25 páginas do Ministério das Finanças sinaliza dois ciclos de remoção dos subsídios aos combustíveis em 2024. Fonte oficial avança que aumento dos preços pode ocorrer antes do dia da Páscoa

O litro de gasóleo, que custa actualmente 135 Kz, vai ser comercializado a 607,55 Kz, um aumento significativo de 350%, e a gasolina a 559,09 Kz, contra os 300 Kz praticados neste momento, simbolizando um acréscimo de 86,36%, observou a revista O Telegrama no plano de Realocação dos Subsídios aos Combustíveis.

Entre outros detalhes, o documento, ao qual a revista teve acesso exclusivo, revela que o segundo momento da remoção dos subsídios aos combustíveis no País deveria ocorrer em Janeiro de 2024, na sequência do corte executado a 2 de Junho de 2023, quando o preço do litro da gasolina subiu de 160 Kz para 300 Kz. No entanto, o Governo foi forçado a adiar a execução do plano porque percebeu que a pressão inflacionista actual põe em risco a execução do programa nos moldes em que consta da agenda, justificou ao O Telegrama um quadro sénior do Ministério das Finanças.

Olhando para o contexto económico actual, com a inflação acumulada na ordem dos 20%, a execução do segundo momento do programa de remoção dos subsídios aos combustíveis de acordo com os termos do plano do MINFIN tinha de ser adiada, caso contrário a consequência imediata seria uma “pressão social generalizada em todos os segmentos da sociedade”, explicou a mesma fonte do ministério.

Diante do cenário, o Governo decidiu, de forma estratégica, aumentar em 5% os salários na função pública este ano, embora reconheça que o “ajuste pontual dos vencimentos não altera e nem corrige os actuais desequilíbrios estruturais existentes ao nível da harmonização entre a organização da estrutura de carreiras e a folha salarial”, lê-se no relatório de fundamentação do OGE 2024.

Em 2022, o Estado assumiu uma subvenção de 3,4 mil milhões USD

Na primeira quinzena de Outubro do ano passado, à margem das reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Marrocos, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, confirmou que o Governo vai poder desacelerar a remoção dos subsídios aos combustíveis para evitar uma onda de protestos semelhantes aos sucedidos em Junho de 2023, quando o preço da gasolina subiu 87,5%, saindo de 160 Kz para 300 Kz.

Citada pela agência britânica de notícias Reuters, a ministra das Finanças disse que, até àquela data, nenhuma decisão tinha sido tomada nas discussões internas sobre uma possível prorrogação do prazo progressivo para eliminar a subvenção aos combustíveis, que, segundo a programação, deve ficar concluído em finais de 2025, tendo referido que, apesar disso, o Governo está “a aprender as lições [negativas]   do primeiro movimento, quando a sociedade reagiu com apreensão” ao incremento de 87,5% do preço da gasolina.

Ainda em Outubro de 2023, na abertura do ano parlamentar, o Presidente da República, João Lourenço, disse no seu discurso sobre o estado da Nação que a redução dos subsídios aos combustíveis vai continuar de forma a “aproximar o seu preço real ao preço cobrado aos consumidores”, tendo prometido medidas de mitigação do impacto social para se evitarem polémicas.

Ainda no documento de 25 páginas do MINFIN a que O Telegrama teve acesso, sinaliza-se que em 2024 o Governo prevê realizar dois momentos de remoção dos subsídios aos combustíveis, e a segunda fase poderá ocorrer no final do presente ano. No período indicado, o preço do litro de gasóleo ficará fixado em 637,93 Kz, ao passo que o de gasolina rondará os 587 Kz.

Segundo a estratégia do Ministério das Finanças que consta do plano de remoção dos subsídios aos combustíveis acordado com o FMI e o Banco Mundial, até final de 2025 este processo deverá ficar concluído. A projecção é de que, até lá, o preço fixo do litro de gasóleo será 669,83 Kz, enquanto o de gasolina não ultrapassará os 616,4 Kz.

Para além da retirada gradual da subvenção à gasolina e ao gasóleo, o documento aponta que o Governo procederá de modo semelhante com os outros tipos de combustíveis, nomeadamente o petróleo iluminante, que neste momento custa 70 Kz, mas que até final de 2025 o litro deverá ser comercializado ao preço de 565,9 Kz.

Segundo o MINFIN, só em 2022, o Estado assumiu uma subvenção total aos combustíveis no valor total de 1,98 biliões Kz (3,4 mil milhões USD), recaindo o maior peso desta despesa para o gasóleo, no valor de 1,35 biliões Kz. O valor total deste tipo de subsídio, no ano de 2022, representou cerca de 92% das despesas com o sector da Saúde e Educação no OGE daquele ano, o que se mostra “incorporável do ponto de vista da gestão da política fiscal”, indica o plano.

Ao longo de anos, o FMI tem alertado o Governo angolano sobre a necessidade de se acabar com os subsídios aos combustíveis, e o argumento apresentado por aquela organização de Bretton Woods focada no controlo do sistema monetário internacional é que a subsidiação tem beneficiado principalmente a população com maior poder de compra, em detrimento das classes sociais menos favorecidas.

Partilhar nas Redes Sociais

WhatsApp
Facebook
Twitter
Email