Tal como O Telegrama havia noticiado, apesar das suas capacidades técnicas, associado ao facto de ser uma potencial candidata aos olhos da presidência e do partido governante (MPLA), as probabilidades de Eduarda Rodrigues Neto passar pelo crivo dos 29 procuradores eram como que praticamente remotas.
“Era pouco provável que os procuradores, quase todos na casa dos 60 anos, quisessem ter à frente da PGR uma jovem de 40 anos”, afirmou um alto funcionário que acompanhou o processo de eleição, nesta segunda-feira.
O ROSTO QUE PODE FAZER HISTÓRIA
A procuradora Inocência Gonçalo Pinto, directora da Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção (DNPCC), é, entre os procuradores concorrentes, a cotada, daí ter sido a mais votada, tendo figurado numa de lista de 9. Goza também da simpatia nas hostes do Kremlin, a sede do partido governante (MPLA).
Refira-se, entretanto, que estavam previstos 10 candidatos, mas, à última hora, houve a desistência do procurador Pedro Mendes de Carvalho.
Foram eleitos três candidatos que vão agora ser proposto ao Presidente da República, a quem cabe, entre os três, nomear o procurador-geral. Se João Lourenço respeitar a vontade dos procuradores, Inocência Gonçalo Pinto será a primeira procuradora-geral na história do País. E é pouco provável que o militar Hélder Pitta Gróz venha conformar-se com o cargo de vice-procurador-geral.
Porém, conforme sublinha o presidente da comissão eleitoral do CSMMP, Arcanjo Custódio, esses cargos são de confiança política e somente ao Presidente da República recai a responsabilidade de escolher quem, de entre os três nomes propostos, nomeadamente Inocência Gonçalo Pinto, Hélder Fernando Pitta Gróz e Luís de Assunção Mouta Liz, vai ser a entidade responsável pela fiscalidade e promoção da legalidade.