Finanças & Wall Street

VTB África vai encerrar por divergências entre accionistas

Nelson Francisco Sul

21 Maio, 2025 - 23:32

Nelson Francisco Sul

21 Maio, 2025 - 23:32

A filial do banco russo VTB África, que tem como segundo maior accionista o angolano António Sumbula, vai fechar portas em Angola. A decisão, anunciada nesta quarta-feira, pelo governador do Banco Central angolano, Manuel Tiago Dias, durante a coletiva de imprensa em Ondjiva (Cunene), surge na sequência de desentendimento entre os accionistas angolanos e russos

Há anos que os accionistas vinham resistindo a um aumento de capital social de até AOA 15 mil milhões, de acordo com as exigências do Banco Nacional de Angola (BNA). Na segunda quinzena de Março, estalou de vez o verniz entre os dois maiores accionistas, o angolano António Carlos Sumbula, detentor de 49,87%, e o VTB Moscovo, detentor 50,1%.

O ponto de discórdia definitivo foi a convocação da mesa da Assembleia-Geral Extraordinária e os termos da convocatória, assinado pelo presidente da Mesa da Assembleia-Geral de Accionistas, Miguel António Chambole, o que chegou a ser contrariado num comunicado posterior, assinado pelo presidente do Conselho de Administração, o gestor russo Igor Skvortsov.

“A referida publicação é completamente contrária à posição do accionista maioritário do Banco e não reflete a opinião deste, estando também em contradição com as exigências do BNA”, escreveu o PCA do VTB África.

A Miguel António Chambole, detentor de uma insignificante participação de 0,01%, figura muito próxima a António Carlos Sumbula, que detém 49,87% das acções, os russos acusaram-no, ainda, de ter violado a legislação, o Estatuto e os procedimentos internos do Banco.

Uma das intenções dos angolanos previa a deliberação da entrada de novos accionistas, o que implicaria a redução e/ou diluição proporcional da participação social dos accionistas que, notificados, não exercessem o direito de preferência ou não realizassem o montante correspondente à sua proporção.

A endossar o clima de crispação está., também, a guerra na Ucrânia, que impactou negativamente nas contas da entidade bancária, devido a penalizações impostas a Moscov e às instituições russas.

Balanço de prejuízos

No exercício económico de 2024, de acordo com os dados apurados no balancete do IV trimestre, o banco reduziu os prejuízos em 73% para AOA 670 milhões (US$ 734,98 mil). Em 2023, segundo a mesma fonte, os prejuízos fixaram-se em AOA 2,48 mil milhões (US$ 2,9 milhões), ao passo que, em 2022, foram calculados em AOA 6,5 mil milhões (US$ 7,86 milhões).

Em 2024, os accionistas incapacidade financeira a julgar pelo registo de queda de 24% na rubrica fundos próprios, saindo de AOA 10,53 mil milhões (US$ 12,70 milhões) para AOA 7,95 mil milhões (US$ 8,72 milhões), muito abaixo do mínimo exigido pelo regulador bancário, que obriga as instituições financeiras bancárias a manter o capital social mínimo na banda de AOA 15 mil milhões.

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